terça-feira, 29 de novembro de 2011

14° Encontro Memorado da Disciplina. Em 18 de Novembro de 2011


                                                                      Por Emídio Johnson Sales Magalhães


Geralmente iniciamos nossas aulas de Carlos Augusto com o texto de algum pesquisador da História do Brasil, então no decorrer da aula o professor faria um meio de relacionar Camocim com a História Geral.
 Neste encontro não foi diferente, mas dessa vez já começamos falando de Camocim logo, então depois o relacionamos com a História do Brasil. Nossos textos de hoje também foram diferentes, não são de Mary del Priore, Evaristo de Veiga ou Isabel Lustosa, antes analisamos três reportagem do blog: “Camocim pote de Historia”  que fazem menção a Carlos Lacerda e a Esmerino Arruda, atual prefeito do município de Granja, e também a outros personagens como a um tal Milton “Cachorrinho”.
 O professor explicou antes de compartilhar a leitura do texto que o blog de sua autoria fora criado intencionadamente para o município de Camocim com propostas de corresponder ao gabarito histórico do município, ou seja, manter o relacionamento dos cidadãos com as produções históricas sobre a cidade. Seria o dialogo academia - comunidade. Enfatizou que o espaço virtual alcançara dimensões antes não imaginadas completando nesta semana seus 17 mil acessos.
 Além das produções publicada no blog cujos temas estavam diferentemente relacionados ao contrabando nos municípios de Granja, Camocim, Chaval e Acaraú, estudamos o contraponto destas produções: um livro de caráter memorialista de Esmerino Arruda, um político que segundo Carlos Lacerda seria um dos principais mentores do trabalho sujo naquele período.
As postagens eram analises de reportagens imprensas do jornal                    O Povo datados dos anos de 1963 e 1964, foram divididas em três partes e obtiveram repercussão satisfatória, com comentários e outros diálogos informais entre autor e leitores. Os jornais informavam a denuncia de Carlos Lacerda, (jornalista assassinado no ano de 1977), á vários políticos imponentes no período, dentre eles Esmerino Arruda.
A esta altura o professor nos chamou a atenção para a autenticidade da denuncia, se procediam eu não, que diferença isso faria na nossa história política. E sugeriu para reflexão da turma a idéia de que “o Contrabando na História do Brasil e do Ceará iniciou já na Colonização”. E prosseguiu no debate de modo radical ao afirmar que: “O Contrabando é a chave da História”.
Isto me fez recordar aulas anteriores em que o professor havia afirmado que “O ato de burlar é o que movimenta a História!”, e explicou que “Se não fosse possível burlar, não seria possível questionar”. Lembro-me também que a turma concordou, responderam que toda a sociedade burla. Que era impossível na sociedade de hoje, em cidades interioranas, onde há falta de recursos, o indivíduo não burlar.
Não concordei, é claro, com esta generalização, mas fiquei calado, porque me pareceu que era o único “do contra”. É que ainda acredito em integridade moral.
Após as discussões sobre as postagens, passamos para a próxima fonte, o livro: É isso aí meu filho, de Esmerino Arruda. O professor leu o capítulo concernente a resposta de Esmerino a denúncia de Carlos Lacerda. É neste capítulo que ele justifica a escrita de sua memória: prestar satisfação pública de sua inocência no caso do contrabando. Ele se propõe a fazê-lo explanando a vida pessoal, política, pública e intelectual de seu acusador, chegando até mesmo a por em questão as faculdades mentais e emocionais do então conhecido como Demolidor de Presidentes. Para tanto Esmerino Arruda chega até mesmo a usar a teoria do complexo de Édipo para provar sua concepção sobre Carlos Lacerda, ou mesmo para dar peso científico a sua escrita.
Carlos Augusto mostrou-se muito impressionado com a escrita do prefeito, já que este não possuía nenhuma informação acadêmica - até onde sabíamos - na área de lingüísticas ou humanas. Era formado em medicina. Mas antes questionou o porquê do titulo do livro, e também a autenticidade da autoria da obra, sugeriu que alguém poderia ao menos ter ajudado-o a produzi-la, já que sua escrita desenvolve-se na primeira pessoa do singular.
Foi aberto espaço para novos discursos, o professor quis focar a utilidade da História neste caso e para tanto exclamou: ”Viram como fazer História é fácil? Para que a História serve?” e prontamente respondeu: “A História serve para defender políticos corruptos!” Foi um modo criativo e irônico de questionar o nosso papel como historiadores, como guardiões da memória do nosso país e também como reprodutores do conhecimento em sala de aula, no caso dos professores.
Lembrei-me então que o próprio Carlos Augusto, que nesta aula menciona que é fácil fazer história havia dito em outra aula também recente que “Estudar História era estudar o desânimo!”
Parece contraditório, mas compreendo que a historia possa ser desanimadora quando percebemos – também nas palavras do professor - que nada no Brasil muda de modo radical, quando a usamos em favor de interesse pessoais e egoístas, quando vemos os mesmos erros serem repetidos no mesmo espaço muitas vezes sem que os autores da História, como frutos do seu tempo e indivíduos agraciados pela memória, possam causar transformações para o bem de todos e promover atitudes para a manifestação do multiforme conhecimento que a humanidade pode produzir. Concluo então que a Historia possa sim ser desanimadora e, que também possa ser fácil, mas penso que é bem melhor que ela seja mesmo é difícil, porque então tentar entendê-la e refleti-la seria muito mais dinâmico.  
 No curto trecho que lemos do livro-memória do Esmerino pudemos extrair alguns fatos da História Geral do Brasil, os quais o professor ia destacando na lousa na medida em que os identificávamos na leitura: Revolução de 30, Movimento Estudantil, Comunismo, Queremismo, Luis Carlos Prestes, Plínio Salgado, Olga Benário, etc. Então o professor exclamou: “Quanta história podemos extrair através de uma memória só!”
 Neste ponto da aula, eu mesmo fui quem me senti protagonista da História: sai de minha cidade a fim de assistir a uma aula sobre grandes nomes e representantes da História talvez, e o que encontro na aula é a história de um político presente na realidade do meu dia-a-dia, pois está vivo (História do tempo presente), pude sentir a história bem perto de mim, quase pude apalpá-la. Só então consegui de modo bem particular pensar em como, de uma forma tão plural Esmerino Arruda “faz” parte da construção e transformação da História do Brasil também. Aplicando ao que disse o professor Carlos Augusto também nesse semestre que “Se você não entender suas relações com a História você está morto!” Agora... Eu estou vivo!
Ao prosseguir a leitura do livro, o professor novamente questiona a escrita de Esmerino, e procura alimentar a tal hipótese da existência de um co-autor. Como fiquei de perguntá-lo, descobri que ele obteve sim a ajuda de uma de suas filhas.
Também aprendi um pouco do desenvolvimento profissional de um político e onde este desenvolvimento pode interagir com a vida devocional de um evangélico.
1) Um político durante sua trajetória vai se encorpando, vai se desenvolvendo, então já encorpado e maduro vai se desencorpando, ex: Lula.
2) Um político carismático pode ser muito admirado, mas também são vítimas da “odiêsa”, ex: Esmerino.
3) Os políticos que são de esquerda que passam para a direita são os piores, ex: foi o caso de Carlos Lacerda, de militante comunista passou a perseguidor do comunismo.
Na continuidade da aula, questionando o fazer histórico, o professor perguntou: “Já que o texto fala de neutralidade, até que ponto podemos analisar a sua parcialidade – considerando a memória como um testemunho oral?” Então afirmou com cara de profunda reflexão: “Os testemunhos orais estão se tornando muito caros para a História” E explicou: “Caros no sentido de fortes, de enriquecimento.”
E pra finalizar a aula o professor nos despediu com uma pergunta como na intenção de nos deixar, mesmo após a aula, a refletir o aprendido na noite, indagou: “Até que ponto a memória de Esmerino interage com os fatos históricos do Brasil?”
Além disso, ainda conseguimos mencionar na aula: nordestinos na Amazônia, história fotografada, Paulo Freire, seca neutralidade ou neutralidade molhada, indivíduo com contrabando ou indivíduos “mercadoria sem nota’’, um caso camocinense de falsos policiais fardados no porto de Barroquinha, etc.
Não entendi ao certo como Amazônia e o SEMTA entraram no assunto da aula, quis perguntar, mas não o fiz porque isso denunciaria minha falta de concentração ao conteúdo da aula, mas tudo bem seja lá o que tenha acontecido na Amazônia, faz parte da história do Brasil... E se perscrutarmos veremos que tem até alguma coisa haver com uma cidade do Ceará chamada Camocim.
Assim foi nossa aula de História do Brasil III, começamos num blog de Camocim, chegamos de algum modo no Queremismo de Getúlio. Falamos de contrabando no Nordeste e mencionamos a Revolução de 30. E quem diria que um político nordestino formado em medicina – o prefeito ‘‘da’’ Granja – poderia fazer cirurgias na História do Brasil?



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