segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Memória da aula, Brasil III: (dia catorze de Outubro de dois mil e onze)


Por Déborah Mendes Augusto

A aula do dia catorze de outubro de 2011, teve como assunto a discussão do documento: “introdução ao programa revolucionário do clube 03 de Outubro, editado em 1932”, retirado do livro: “A revolução de 30 textos e documentos”, livro esse levado pelo professor Carlos Augusto para que – de acordo com as suas colocações – pudéssemos perceber as várias facetas da república. Após apresentar- nos o documento, o professor iniciou a leitura do mesmo.
Por mais que a leitura tenha sido feita unicamente pelo professor, as análises resultantes do texto estudado foram proferidas por todos os alunos, de uma maneira compartilhada, progressiva. A primeira discussão levantada na aula, foi sobre o real significado da república e o professor nos lançou a seguinte provocação, retirada de um trecho do documento: “a república não deu certo por que não foi trabalhada a cultura e a educação do povo ?!”, após a leitura de tal frase, se tornou perceptível a reflexão de alguns alunos, que por mais que não tenham se pronunciado em sua maioria, deixaram- se mostrar interessados pela questão lançada. Nesse momento o professor continuou a leitura o que nos fez lembrar, que a falta de intelectualidade dos contemporâneos da república velha, não foi o único problema desse momento, deve-se levar em conta a estrutura de poder que foi se solidificando nesse período e como o nepotismo, com a divisão arbitrária do cargos públicos, se tornou uma prática habitual do momento em questão. Acrescentando ainda: “Os honestos cada vez mais se afastam da política.” O que instigou o debate entre alguns alunos que acabaram por discorrer as práticas de corrupção tão presentes ainda no nosso país, enfatizando o caráter repetitório de muitas práticas políticas e econômicas que ainda persistem em nossa estrutura social.
O professor, seguindo a leitura do documento, falou sobre os aspectos positivos que existiam na monarquia, tão exaltados por alguns sujeitos da primeira república. Partindo dessa monarquia, o professor nos apresentou a palavra: “procrastinações” que na opinião dele em muito tem a ver com os fatos mal resolvidos da nossa sociedade, ou seja, é exatamente tudo aquilo que foi deixado para depois na nossa história.
A partir da leitura compartilhada do texto em questão , alguns alunos e o próprio Carlos Augusto, acabaram por entender que para os elaboradores do documento, foi como se a república tivesse representado uma verdadeira mentira.
Falando sobre a importância do nosso papel como historiadores na interpretação e contextualização dos registros estudados, o professor falou: “É necessário penetrar profundamente”, o que acabou gerando algumas risadinhas sobre a maneira descontraída com que nosso professor se expõe, o que fez com que o mesmo se explicasse: “é necessário atingir até o espírito, sentir o que essa penetração está subjetivando”, o que nos fez refletir sobre a importância da pesquisa bem elaborada.
Dando seqüência a contextualização, foi lembrado que no império existia a atuação dos quatro poderes: legislativo, judiciário, executivo e moderador. E o professor incitou a discussão sobre a real função e atuação desse poderes na prática, levantando as seguintes indagações: “Ainda há perseguições? Os impostos são realmente para todo mundo? As nossas organizações são realmente livres? Falando sobre os casos no Brasil em que se fez necessária a intervenção federal, como nos episódios do Espirito Santo e do Rio de Janeiro.
Em certo momento do texto a questão da NAÇÃO foi enfatizada. Com a passagem: “realizemos a democracia” o professor nos perguntou o que de fato a frase quer nos dizer? Com a fala de alguns alunos a função dos conselhos foi posta em discussão, com o professor nos instigando: “imagine se tudo funcionasse como deveria ser?!”. Nesse momento, o mesmo falou sobre uma orientanda sua que tratou em sua pesquisa sobre a experiência inovadora da cidade de Santana do Acaraú , em que o povo passou a ser ouvido com o chamado: “conselhão”, comparando-se a participação que a massa tinha na chamada Grécia antiga.
O nosso colega Paulo Roberto falou sobre o que era o “conselhão”, que na sua opinião tinha a função de ser o quarto poder, desse modo, representava o  poder de intervenção do povo na política local, com a existência de um delegado em cada bairro. Esse sistema de organização política acabou mudando com a alteração da gestão municipal.
Ao nos aprofundarmos na leitura, o professor pediu para que observássemos onde a palavra democracia e a reivindicação por essa, aparece no documento. Alguns alunos reforçaram o discurso pragmático, apontando as persistências ainda existentes em nossa contemporaneidade. Porém, o professor nos fez lembrar que quando dizemos que “nada mudou” estamos na verdade acabando com a história. Posteriormente ele nos pediu para analisarmos o que de fato torna o documento atual, quais são os setores da sociedade que ainda repercutem esse discurso.
Em seguida (mais precisamente às 19: 45hras) nos pediu para que analisássemos o presente documento e que posteriormente discorrêssemos sobre as impressões que conseguíssemos extrair do mesmo. A partir desse momento, alguns alunos ficaram em sala de aula realizando o trabalho estabelecido. E a aula, com a participação do professor se deu por encerrada.



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