terça-feira, 29 de novembro de 2011

Segundo Encontro - História do Brasil III . De 17 a 19 de Agosto de 2011

Por Emídio Johnson Sales Magalhães

Nosso segundo encontro da disciplina ocorre extra-sala, em virtude dos três dias do I seminário do PET – História da UVA, ocorrida em 17 á 19 de 2011. O tema escolhido para o primeiro seminário foi História e Documentos.
                   O momento e data para realização desse evento foi puramente oportuno, já que neste mesmo ano de 2011 o Curso de História completa 50 anos, e no dia 19 de agosto comemora-se o dia do historiador. O grupo PET surpreendeu o CCH, na medida em que decidiu realizar o seminário antes mesmo de completar um ano de funcionamento.
                     Deveríamos descrever inicialmente o primeiro momento no auditório, a palestra de abertura. Porém um encontro de estudantes como esse não começa com a palestra de abertura, então iniciarei memorando a partir do credenciamento, o qual não deixou a desejar em organização, recepção e disposição de material. Na pasta de credenciamento continha além da ementa de cada tema escolhido nos mini-cursos, os textos a serem utilizados nestes. Curiosamente também havia uma mensagem de motivação. O titulo era: A fita métrica referia-se ao modo sobre como se deve medir uma pessoa: “não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho”:- dizia o ultimo verso da mensagem. Só depois eu descobria que nem todos receberam a tal mensagem, somente o que fizeram o mini-curso que escolhi, fazia parte dos textos escolhidos por Tema Bessa para o mini-curso de História Oral. Ela o usaria no primeiro dia de aula com uma dinâmica muito produtiva e envolvente.
 O folder programático estava de fácil compreensão visual. E a programação muito rica com oficinas, grupos de trabalhos, mini-cursos e, além, é claro, das palestras e programação cultural. Na primeira noite, o grupo PET com seus 12 membros e o seu tutor professor Carlos Augusto foram apresentados. Expuseram para todos os ouvintes e curso de História como trabalhavam, e como funcionava o grupo, quais as propostas, projetos e pesquisas, que foram realizadas durante os nove meses de existência do PET.
Ouvimos que todos os bolsistas do PET cumprem horário semanal no NEDHIS, onde realizam diariamente a catalogação, sistematização, manutenção e limpeza dos documentos.
                    Os trabalhos de pesquisas eram os mais diversos, recordo-me que havia projetos sobre patrimônio em Sobral, sobre procedimentos metodológicos sobre a atividade do historiador em sala de aula e, também sobre o uso de imagens como leitura do desenvolvimento urbano de Sobral. Os outros estudantes além dos petianos, também tiveram oportunidade de apresentarem trabalhos, incluindo a mim, a partir de documentos escritos em sua maioria do acervo do NERDIS. Quase não houve debates, pois eram muitos trabalhos e o tempo foi pouco.
Pela manhã dos seguintes dias ocorreram atividades que trabalhavam a relação Escola - Universidade, a demanda foi aproveitável e a tarde ocorreram os mini-cursos que apesar de serem no horário distinto do turno do curso de História, também atingiram quantidade notável de alunos.
A palestra do segundo dia contou com a presença do Professor. Dr. Eurípedes da UFC. Foi lhe proposto palestrar na noite sobre a História do Grupo PET no Brasil, e sua tragetória até a consolidação deste projeto.
 O nome Eurípedes Funes, não me era estranho, pois o professor já Gleison Monteiro já o mencionado em suas aulas. Professor da Universidade Federal do Ceará, ele iniciou sua fala com a leitura de um jornal universitário de cerca de 25 anos, cuja reportagem narrava á formação do primeiro PET do Brasil formado na UFC, fora ele portanto o primeiro professor - tutor do programa do PET. Explicou que antes a sigla PET significava Programa especial de Treinamento, e não Programa de Educação Tutorial, como é hoje. Mencionou as vantagens do curso que conta com esse programa e citou alguns de seus alunos que foram bolsistas do PET e o que eles conquistaram hoje no ambiente profissional.
                 Refleti sozinho por um instante: Hoje estão presentes num mesmo auditório, no CCH da UVA, no Ceará o primeiro e também o último, tutores do projeto PET no Brasil.
 No ultimo dia na palestra final, a dispensação de conhecimento foi ainda melhor. Sobre o tema: Jornal: Memória, Documentos e Fontes Históricas tivemos a professora Dra Adelaide Gonçalves como palestrante também da UFC.  São 19 de agosto e comemoramos hoje pela segunda vez o dia do historiador.
Ela expôs o Histórico da Impressa Brasileira, no decorrer das décadas de 30, 60, 70 e 90, citando nomes, jornais, revistas e assuntos históricos referentes ao período. O primeiro pesquisador citado por ela foi José Honório Rodrigues a quem descreveu como, possivelmente, o principal historiador do Brasil em História da Historia. Posteriormente ela também mencionaria Gilberto Freire, este, ela o exalta sem constrangimento algum, e o define ousadamente como o maior intelectual do Brasil atualmente.
Adelaide sugeriu para leitura varias obras, das quais posso me recordar de duas: ”O açúcar” principal obra de alimentação no Brasil e que contém receitas de Sobral. E a outra obra era nas palavras dela: o melhor estudo que os historiadores produziram sobre a impressa universal: A Formação da Classe Operaria Inglesa de E. P. Tompsom. Lembrei que havíamos estudado Tompsom no semestre anterior, na disciplina de História Moderna II. Também ela citou a Revista Piauí, e perguntou quem dos presentes no auditório assinava esta revista, para vergonha do curso de história ninguém levantou a mão. Eu não quis ser o único a levantar a mão.
Ela possuía alguns vícios de linguagem com: “segue sendo’’, que na verdade tornava a sua fala mais agradável. Ela também me pareceu um tanto pessoal, ou sentimental quando afirmou que era dever do historiador “recordar”, mais recordar no sentido de lembrar com o coração”.
 Sobre acontecimentos históricos da impressa ela nos trouxe inúmeras curiosidades tais como a informação de que os primeiros períodicos do Brasil foram produzidos clandestinamente em Londres; que antigamente os editoriais ficavam no fundo dos periódicos e não na segunda folha-verso da capa, como é hoje; que os nomes próprios de alguns jovens anarquistas eram: “Ideal”, “Germinal” e similares; ainda que, antes alguns homens assinavam por pseudônimos de mulheres para sugerir que havia mulheres na produção.
 No fim, ela fez a leitura de várias imagens expostas através de data-show, extraídas de jornais brasileiros. As fontes eram sempre precisamente exatas. As temáticas das imagens escolhidas eram fortes, os temas que marcaram para a sempre a história da humanidade: capitalismo, ideais da igreja católica versus evolução, liberdade, feminismo e operariado. Ela chamou atenção para o estilo da escrita da época, escreviam-se mais eloqüente, a linguagem não era travestida como a contemporânea.
A Dra Adelaida mostrou um seqüência de imagens onde interpretou nelas a evolução dos símbolos que representaram a liberdade no decorrer dos anos de existência da imprensa. A primeira imagem era o conhecido quadro de Eugène Delacroix : “A Liberdade Guiando o Povo”, aquela da mulher de seio de fora com uma bandeira vermelha, as próximas foram substituídas progressivamente, da figura da mulher pela do homem como demonstração da força, segurança, e imponência, já a última imagem era a figura masculina com o busto a mostra, exibindo músculos salientes e uma postura de superioridade. Ela explicou que a figura feminina como símbolos da revolução e liberdade é contemporaneamente substituída pela imagem do masculino.
Para encerrar a palestra ela mencionou a consigna que fecha o livro de Marx e Engels, O Manifesto Comunista: “PROLETÁRIOS DE TODOS OS PAÍSES, UNI-VOS!” – esta frase fora muito utilizada por jovens anarquistas.
E não poderia encerrar esta memória sem mencionar a ilustração que mais me chamou a atenção, chamava-se: Derradeiras Machadadas. Um homem com algemas partidas e com um machado na mão no qual estava escrito o nome “Anarquismo” cortava os galhos secos de uma arvore feia, no caule desta planta velha estava escrito “Autoridade” e “Iniqüidade Moral”, e nos demais galhos expressões como: Comércio, Opinião, Ensino Viciado, Hipocrisia, Ciúme, Crime, Família Escravizada, Política, Legislação e outras palavras que representavam o sistema a qual os anarquistas demonstravam-se insatisfeitos.
Na hora dos debates, o primeiro inscrito foi o professor Carlos Augusto, sua pergunta a professora era um tema contemporaneamente questionável: “O livro vai acabar? O jornal vai desaparecer?...” – A resposta da Professora Adelaide, eu não pude ouvir, pois nesta hora tive de me ausentar do auditório, senão perderia minha carona nos ônibus universitários.

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